No início do século XX, a maior parte da área correspondente à Reserva Florestal do Morro Grande era ocupada por fazendas, com uso agrícola, pastagens e áreas em pousio.
Nos anos 1910, a ocorrência de períodos de seca e a poluição do rio Tietê levaram à decisão de construção de duas barragens para abastecimento público na área: “Cachoeira da Graça” (1914-1917) e “Pedro Beicht” (1927-1933). Houve a desapropriação das antigas fazendas, e a interrupção das atividades agropastoris permitiu a regeneração da Mata Atlântica, formando assim a Reserva.
Na década de 70 e início de 80 surge uma nova proposta para a região: a construção do aeroporto metropolitano de São Paulo em Caucaia do Alto. Isso acendeu um alerta para os ambientalistas, cientistas e moradores da região, que formaram um forte movimento em defesa da preservação da Reserva do Morro Grande e contra a instalação do aeroporto. Entre os integrantes desse movimento estava Aziz Ab’Saber, geógrafo considerado referência nos campos da geografia física e ambiental. Com grande repercussão, esse pode ser considerado o berço do movimento ambientalista no estado de São Paulo, conforme apontado na pesquisa de Conceição Ferreira da Silva (ver pesquisa completa no link abaixo).
Em 1979 é promulgada a Lei de Criação da Reserva Florestal do Morro Grande (lei estadual 1.949), com destinação específica de preservação da flora e fauna e proteção aos mananciais.
Outro marco importante no histórico da Reserva ocorreu a partir do ano 2000, quando um grupo interdisciplinar de pesquisadores iniciou o projeto de pesquisa “Conservação da Biodiversidade em Paisagens Fragmentadas no Planalto Atlântico de São Paulo” (Programa BIOTA/FAPESP), sob coordenação do professor Jean Paul Metzger, do IB-USP. Os resultados dessa pesquisa lançaram luz sobre a importância ecológica da Reserva, demonstrando que a área “mantém uma flora e fauna muito rica, incluindo diversas espécies endêmicas da Mata Atlântica e/ou ameaçadas de extinção”.
A partir do ano 2000, com a aprovação do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação), passou a ser necessário o enquadramento das áreas denominadas “Reservas Florestais” nas categorias definidas por esse Sistema.
Em função das características naturais da área, a Reserva deve se tornar uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, conforme apontado pelos cientistas que ali pesquisaram. Devido à sua localização e potencial para ecoturismo, a categoria mais adequada parece ser a de Parque Estadual.
Assim, surge e se fortalece o movimento para criação do Parque Estadual do Morro Grande, integralmente na área hoje ocupada pela Reserva Florestal do Morro Grande (ver mais informações na aba “notícias”).
Saiba mais sobre o histórico da Reserva em:
Reserva florestal do Morro Grande (Cotia/SP): levantamento de subsídios para propostas de educação ambiental – Dissertação de mestrado de Conceição Ferreira da Silva
Desejo de memória: a história e a memória da reserva florestal do Morro Grande e da Vila Operária do DAE – Tese de doutorado de Vilma Cristina Soutelo Assunção Noseda
Saiba mais sobre as recomendações para conservação da Reserva em: Características ecológicas e implicações para a conservação da Reserva Florestal do Morro Grande – Artigo produzido no âmbito do Projeto Temático Biota FAPESP